quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Redes de internet comunitárias


Modelos de gestão inovadores buscam promover universalização do acesso à internet

Por Patricia Mariuzzo

Em seu livro mais recente, Aplicando a quarta revolução industrial[1] (Edipro, 2018), o economista alemão Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, lembra que a internet atingiu em uma década o mesmo número de usuários que o telefone demorou 75 anos para alcançar. Mesmo assim, uma parcela significativa da humanidade permanece excluída do mundo digital, com acesso restrito ou sem acesso à internet. Segundo dados de 2017, da União Internacional de Telecomunicações (UIT), ligada à ONU, 48% da população mundial já acessa a internet, mas 3,9 bilhões de pessoas ainda estão desconectadas. Enquanto nos países desenvolvidos o acesso à rede aumenta, os países em desenvolvimento e os mais pobres estão ficando para trás. Além disso, diferenças nas velocidades de transmissão estão aumentando, desenhando um cenário contrário às recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que relaciona o acesso à internet ao desenvolvimento sustentável do planeta. O conceito de universalidade da internet foi endossado pela Unesco em 2013, estabelecendo quatro princípios considerados fundamentais para o desenvolvimento da internet e para consolidação de seu papel no desenvolvimento sustentável do planeta. Esses princípios foram resumidos na sigla ROAM:

R – que a Internet é baseada em direitos humanos

O – que é aberto

A – que deve ser acessível a todos

M – que é alimentado pela participação de múltiplas partes interessadas.

No Brasil, segundo as informações coletadas na pesquisa TIC Domicílios 2016, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 54% dos domicílios brasileiros estavam conectados à internet, o que representa 36,7 milhões de residências – um crescimento de três pontos percentuais em relação a 2015. De acordo com essa pesquisa, “os padrões de desigualdade revelados pela série histórica da pesquisa persistem: apenas 23% dos domicílios das classes D e E estavam conectados à internet, enquanto em áreas rurais essa proporção foi de 26%. O acesso à internet estava mais presente em domicílios de áreas urbanas (59%) e nas classes A (98%) e B (91%)”. Em relação ao dispositivo de acesso e tipo de conexão, o Cetic apurou que em 2016, 93% dos usuários de internet utilizaram o celular para navegar na rede, um aumento de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior. Entre os usuários de internet pelo telefone celular, o WiFi se manteve como o tipo de conexão mais mencionado: 86% dos usuários afirmaram utilizar o WiFi, enquanto 70% utilizaram a rede 3G ou 4G (gráfico 1).


Os dados mostram, portanto, que a redução nos níveis de desigualdade de acesso à internet ainda é um desafio. “Em muitos casos a falta de acesso se deve a um lobby das empresas de telecomunicações para pressionar o governo a conceder subsídios para o setor”, aponta Rafael Evangelista, pesquisador da Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade, o Lavits. Segundo ele, nos últimos anos os programas públicos de acesso foram sucateados e, com isso, o melhoramento da infraestrutura das redes de telefonia celular e internet ficam seletivos.

Internet para todos – Foi justamente para tentar ampliar o acesso à internet em áreas remotas e rurais que o governo federal lançou o programa “Internet para todos” que vai oferecer acesso à internet via satélite usando o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), lançado em maio de 2017 e com capacidade de cobrir todo o território brasileiro. O programa vai funcionar por meio de parcerias entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), municípios e empresas credenciadas junto ao ministério.

O SGDC é o primeiro satélite geoestacionário brasileiro de uso civil e militar. O projeto é fruto de uma parceria entre o MCTIC e o Ministério da Defesa, com investimentos estimados em R$ 2,7 bilhões. A previsão é que ele seja operacional por 18 anos. O sinal de internet será distribuído por meio de antenas com um raio de conexão de 1,5 quilômetro. A instalação será custeada pelo governo federal e os municípios serão responsáveis pela segurança e despesas com energia elétrica. De acordo com informações do MCTIC, até o momento, mais de 3 mil municípios já assinaram a adesão ao programa.

O Internet para Todos não oferecerá o serviço gratuito, mas a preços reduzidos. Para usar o serviço, os moradores das localidades indicadas pelos municípios terão que contratar serviços de conexão à internet oferecidos por empresas prestadoras de serviços de telecomunicações que estão sendo credenciadas pelo MCTIC desde janeiro. Essas empresas poderão prover elas mesmas os serviços ou trabalhar em parceria com provedores De todo modo, são elas que devem manter a infraestrutura de conexão. Entretanto, a empresa que atender essas localidades, por ter as garantias e isenções oferecidas pelo Programa, poderá oferecer um produto com um preço menor.

Diferentemente da conexão via rádio, 3G ou 4G, o acesso via satélite dispensa cabos ou linhas telefônicas para o trânsito de dados, daí que esse modelo pode ajudar a ampliar o acesso à internet em lugares remotos que não têm infraestrutura de comunicações. No entanto, é um sistema mais caro, que depende de alta tecnologia e que, tradicionalmente, tem custo mais alto do que os demais. Além disso, é um sistema mais suscetível a interrupções. Objetos que entrem no raio de emissão da antena ou deslocamentos de posição causados pelo mau tempo, por exemplo, podem reduzir o desempenho ou interromper a conexão. Em lugares remotos isso é ainda mais preocupante. Como será feita essa manutenção em comunidades distantes, por exemplo? No último mês o MCTIC divulgou exaustivamente dados dos municípios que aderiram ao programa “Internet para todos”, sem divulgar o número de empresas parceiras. “Os investimentos das grandes empresas têm se destinado a melhorar a internet de quem já tem acesso e não para incluir mais gente”, afirma o sociólogo Diego Vicentin, um dos fundadores da Rede de Pesquisa em Governança da Internet. “Em geral, quando elas fazem isso é como algum tipo de contrapartida, ou seja, porque são obrigadas”, complementa.

O programa Internet para todos é um exemplo de que a universalização do acesso não depende de soluções tecnológicas. Do ponto de vista técnico já existe tecnologia suficiente para levar sinal da internet para lugares remotos. Os entraves estão mais ligados aos aspectos de governança e modelo de negócio das empresas que comercializam o acesso à internet. Conforme explica Vicentin, juntamente com todas as mudanças que a internet trouxe é preciso mencionar uma profunda alteração no balanço de poder sobre os meios de comunicação. Nos últimos anos assistimos um processo de concentração da infraestrutura da internet nas mãos de (poucas) corporações do setor de telecomunicações. Elas concentram uma série de serviços como telefonia fixa e móvel, internet banda larga fixa e móvel, TV a cabo ou por satélite. “Para se ter uma ideia na América Latina apenas duas empresas controlam todo mercado, a América Móvil, do empresário mexicano Carlos Slim, que controla a Claro no Brasil, e a Telefónica Móviles, empresa que controla as operadoras de celular do Grupo Telefónica, da Espanha, inclusive 50% da Vivo no Brasil. Tamanha concentração não favorece a universalização do acesso à internet, pelo contrário. “A expansão da infraestrutura de internet não vai para regiões remotas ou mais pobres, mas para onde há maior demanda de tráfego”, aponta Vicentin.

Redes comunitárias – Mas a infinidade de bits de informação que circula pela internet pode seguir por outros caminhos. O crescimento de redes comunitárias de conexão à internet aponta para novos modelos de inclusão digital. Uma rede comunitária é uma infraestrutura de comunicação popular, aberta, descentralizada e gerida pelos seus próprios usuários. Esse modelo se caracteriza por autonomia, descentralização e proteção da privacidade. Há vários modelos de redes comunitárias, usando tecnologias baseadas em software livre, ou com patentes expiradas, ou ainda com provedores comunitários. De acordo com Marcelo Saldanha, presidente do Instituto Bem Estar Brasil, um provedor comunitário compreende a instalação e operacionalização de infraestrutura de telecomunicações de forma mais simplificada e a verificação do processo de autogestão na comunidade atendida. “Isso depende de processo de formação e vivência junto à comunidade para realização de trocas de saberes da área técnica e de autogestão via processo associativista. Em resumo, ativistas com conhecimento técnico e de autogestão passam em torno de uma semana imersos na comunidade que demandou o provedor comunitário para sua capacitação e operacionalização. Após a imersão, a comunidade se organiza para manutenção administrativa, técnica e financeira do provedor comunitário”, explica. Ainda de acordo com Saldanha, como o conhecimento adquirido pode levar um tempo para se consolidar, estes mesmos ativistas, ou ainda num processo de rede, continuam dando suporte adicional até que a comunidade tenha autonomia plena no processo.

O provedor comunitário provê conexão entre os dispositivos de acesso (computador, celular, tablets etc.) dos usuários locais, sendo possível também a criação de um servidor central localizado na própria comunidade e gerido pelos moradores. Ele permite criar uma rede interna por meio da qual a comunidade pode compartilhar dados e desenvolver aplicativos que só poderão ser acessados por quem estiver na rede comunitária. Conforme explica Saldanha, um provedor comunitário não difere muito de um comercial, a grande diferença está exatamente no processo de gestão. “A matemática é simples, a aquisição de um link de internet maior é inversamente proporcional ao seu custo, logo, ratear um link maior reduz significativamente o custo mensal de acesso. Os custos adicionais de manutenção estão ligados à logística de se ter um ou mais técnicos comunitários (microempreendedores geralmente) para dar manutenção na rede e prestar serviços individuais aos usuários e na formação do fundo comunitário (via associativismo) para eventualmente trocar equipamentos ou expansão da rede”, diz ele.

Ainda segundo Saldanha, esse tipo de configuração tem como premissa ser bairrista, pois, a ideia não é criar grandes provedores comunitários, mas sim interconectar as várias redes dos provedores comunitários adjacentes, sendo que cada um faz sua autogestão. “É vital que a logística para sua operacionalização não se torne um peso e para isso é saudável que as redes sejam fragmentadas, mas, garantindo uma quantidade de usuários suficiente para sua sustentabilidade”, complementa.

Outras conexões – Manter os próprios provedores abre espaço para criação e distribuição de conteúdo de forma a atender as necessidades da comunidade em um tipo de apropriação tecnológica mais positiva e inclusiva. Na cidade de Campos de Goytacazes (RJ), onde o Instituto Bem Estar atua, alguns provedores comunitários disponibilizam cursos de educação à distância para fins de auto sustentação do provedor, administrando aulas ao vivo online para internautas interessados.

Regularização do provedor comunitário

Para montar um provedor comunitário é necessária uma autorização de exploração de Serviço Limitado Privado (SLP), concedida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O Instituto Bem Estar disponibiliza um guia para os interessados. Intitulado: “Como montar e regularizar um provedor comunitário”, ele foi elaborado em parceria do Instituto com a ONG ARTIGO 19 e a ANID (Associação Nacional para Inclusão Digital). Conforme aponta o guia, a regularização traz uma estabilidade maior para o funcionamento do provedor, visto que sua ausência pode gerar processos judiciais ou multas —- o que tem como consequência um potencial desgaste dos pontos de vista financeiro e psicológico para quem busca gerir um provedor comunitário. O provedor comunitário pressupõe a instalação de estruturas que possibilitem a distribuição de um sinal previamente contratado. Também é de sua natureza que não haja cobrança de mensalidade com intuito lucrativo por parte daqueles que compartilham a rede.

Em 2010, Saldanha participou da instalação de um provedor comunitário no distrito rural de Marrecas, comunidade de Campos dos Goytacazes, a mais de 40 km da sede do município. A instalação do provedor promoveu a construção de uma torre metálica maior para aumentar o enlace de rádio entre a localidade e a sede do município onde se encontra a distribuição do sinal de internet. Os links de internet e outras despesas são rateados por meio da taxa dos associados. Hoje, em Marrecas, 80 famílias estão usufruindo do acesso à internet a um custo mensal de acesso, que comporta os itens de link, suporte técnico e o fundo comunitário, que gira em torno de R$ 25.

A ONG mexicana Rhyzomatica também apoia comunidades que precisam ou querem construir e manter infraestruturas de telecomunicações autogovernadas e próprias. A estratégia é utilizar tecnologia de código aberto para construir redes comunitárias, com equipamentos próprios e com uma estrutura que a própria comunidade compra e administra. Um dos projetos foi implantar uma rede de telefonia celular em 18 comunidades indígenas de Oaxaca, no México. Desde 2016, essa rede funciona por meio de uma concessão experimental de dois anos, cedida pelo governo. As pessoas da comunidade podem falar com seus vizinhos, trocar arquivos, mensagens e falar via chat. Tudo isso a um custo menor e com um formato desenhado para atender suas necessidades de comunicação. A rede comunitária também pode se conectar via WiFi à internet convencional, possibilitando realizar chamadas de longa distância.

A Rhyzomatica também colaborou para a criação de uma rede de internet e telefonia celular na comunidade quilombola Kalunga, em Goiás. Maior território quilombola do Brasil, a comunidade abriga cerca de oito mil pessoas e fica ao norte da Chapada dos Veadeiros. A principal atividade econômica é o turismo. A rede comunitária de telefonia usa tecnologia 2G, cujas patentes já expiraram e antenas para transmissão do sinal de rádio. O sistema opera com uma licença social que prevê a instalação da rede com gins de pesquisa e desenvolvimento local. “Ainda não temos uma legislação clara para o funcionamento das redes comunitárias no Brasil. Por isso elas funcionam nas brechas entre o legal e o ilegal”, aponta Vicentin. Um diferencial do projeto na comunidade quilombola é a capacitação dos jovens para monitorar e reparar a rede, ou seja, a instalação e o uso envolve transferência de conhecimento e tecnologia


Produtos artesanais incrementam o turismo, principal atividade econômica da comunidade quilombola Kalunga, que foi beneficiada com rede comunitária de internet e telefonia celular. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Além do custo menor, da autonomia, da capacitação e da geração de renda, as redes comunitárias trazem outro aspecto diferenciado. Elas podem ser mais seguras, o que não é pouco, quando gigantes como o Facebook se mostram bastante vulneráveis à proteção dos dados dos usuários. Segundo Marcelo Saldanha, isso é possível porque, ao se ter o controle sobre a infraestrutura da rede, os usuários detêm também um certo controle sobre a informação, criptografia, serviços locais, anonimização dos dados. Vale reforçar que quaisquer serviços locais não terão custo para o usuário, o que não ocorreria se fosse um provedor comercial, ou seja, na relação de gestão comunitária, rádios online por exemplo poderiam surgir em qualquer ponto da rede e o tráfego não teria que ser pago”.

Redes comunitárias funcionam a partir de uma perspectiva de inclusão e desenvolvimento local. Acesso à internet sem custo ou a um custo baixo, criação e distribuição de conteúdo, geração de renda por meio da prestação de serviços de manutenção e reparo, transferência de conhecimento, autonomia. Todas essas características sustentam um modelo que tem crescido no Brasil e no mundo, mostrando que é possível estabelecer relações mais simétricas com a tecnologia.

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[1] A Quarta Revolução Industrial é caracterizada por mudanças abruptas e radicais motivadas pela incorporação de tecnologias que incluem a internet super-rápida, internet das coisas, inteligência artificial, robótica e biotecnologia.

Fonte https://www.inovacao.unicamp.br/reportagem/redes-de-internet-comunitarias/

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Startup quer mostrar que a computação quântica vale, sim, todo o hype

Responder a uma pergunta de forma mais rápida ou barata que um supercomputador já seria grande alegria para equipe da Rigetti

Poucos campos do setor de tecnologia são tão atraentes ou complexos quanto a computação quântica. Há anos seus defensores prometem máquinas capazes de decifrar as mensagens codificadas mais impenetráveis, desvendar as propriedades secretas do mundo físico e humilhar os supercomputadores.
Mas a Rigetti Computing, uma das startups mais proeminentes e mais bem financiadas do campo, gostaria simplesmente de reduzir as expectativas gerais.
No momento, o desafio da Rigetti é o seguinte: conseguir resolver com um computador quântico pelo menos um problema que uma máquina convencional não consegue resolver. Até mesmo responder a uma pergunta de forma mais rápida ou barata que um supercomputador já seria uma grande alegria para a equipe de físicos e matemáticos no escritório da startup em Berkeley, Califórnia.
Até agora, isso não aconteceu. Hoje, seu laptop consegue resolver praticamente tudo o que um computador quântico pode fazer, e com a mesma rapidez.
A Rigetti não é a única a se debruçar sobre esse enigma. Nem a International Business Machines e nem o Google, que têm computadores quânticos mais poderosos, afirmaram ter conseguido uma “vantagem quântica”.
Esse termo, que parece ameaçador, se refere ao momento teórico em que um computador quântico conseguirá fazer algo com mais eficiência do que um computador tradicional. É o equivalente do setor a um momento de avanço muito singular, só que mais nerd e obscuro ainda.
“Hoje, estamos concentrados na busca da vantagem quântica”, disse Chad Rigetti, fundador da empresa. “A computação quântica não tem uma evidência incontestável capaz de mudar uma empresa”, disse ele. Se conseguir, “o efeito não será sutil”, disse Rigetti.
A Rigetti já avançou bastante para ser uma startup. Ela emprega ex-pesquisadores de primeira linha da Nasa, da Raytheon e das universidades de Berkeley, Stanford e Yale.
A companhia fabricou seu próprio computador quântico sem ter acesso aos orçamentos bilionários de pesquisa e desenvolvimento das outras companhias que investem nisso. Mas ela tem US$ 119 milhões, dos quais mais de metade veio de uma transação não informada de capital de risco no fim do ano passado. Rigetti optou por não divulgar o investimento para evitar aumentar ainda mais as expectativas.
Agora, tanto Rigetti quanto sua empresa acreditam que têm algo de que se gabar – apesar das diversas questões que, como ele rapidamente adverte, ainda poderiam dar errado. A startup criou um microchip para computadores quânticos que teria mais do sêxtuplo de qubits – a unidade de medida básica da potência de um computador quântico – que as máquinas atuais da Rigetti.
O processador seria mais potente que o computador de 50 qubits da IBM e que a máquina de 72 qubits do Google. Rigetti espera construir um computador que funcione com 128 qubits nos próximos 12 meses. Se tiver sucesso, esse poderia ser o computador quântico mais potente do mundo e talvez consiga superar os supercomputadores tradicionais.
“Estamos progredindo muito rapidamente, de modo exponencial, em todas essas frentes”, disse Rigetti. “Tudo avança para um momento de grande progresso, e essa é a vantagem quântica.”
Mesmo se a Rigetti tiver sucesso e superar o Google e a IBM – e nada garante isso –, a empresa ainda não sabe para que a máquina serviria. Os pesquisadores têm suas teorias preferidas: análise mais efetiva de enormes bancos de dados, modelos precisos de átomos de hidrogênio ou inteligência artificial avançada. Nada isso foi comprovado.
“Acho que a primeira demonstração da vantagem quântica virá na aprendizagem de máquinas”, disse Rigetti. Mas alguns de seus funcionários acham que a modelagem de químicos ou moléculas orgânicas são opções igualmente prováveis como primeiras aplicações.
Fonte https://exame.abril.com.br/pme/startup-quer-mostrar-que-a-computacao-quantica-vale-sim-todo-o-hype/

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Autenticidade: invista em ser quem você é!

Autenticidade e inovação dois conceitos que se conversam! ;)

Se tem uma palavra que hoje em dia está tilintando na mente e no coração de muita gente, essa palavra é autenticidade. Alguns podem até confundir autenticidade com dizer aquilo que se pensa, mas o conceito vai bem além disso. 
Se tornou urgente e quase vital definir uma via própria e única de expressão no mundo. Temos uma necessidade latente de dar sentido para a existência e encontrar algo que nos faça viver uma vida com mais propósito
Em nossa interação com o mundo, somos influenciados por todo tipo de informação. No passado, essas informações chegavam prioritariamente através de conversas e da observação da natureza. Hoje em dia a internet está aí, bem nas nossas mãos em smartphones, notebooks, tablets, computadores, TV’s, nos aviões, ônibus, escolas e em breve nas geladeiras e outros eletrodomésticos. Isso faz com que a quantidade de informações com que temos contato ultrapasse qualquer limite jamais imaginado. Assim lidamos com uma enxurrada diária de histórias e estilos de vida de pessoas das mais diferentes culturas, raças e classes sociais. Atitudes, iniciativas, condutas, cases de sucesso e fracasso – nas mais diversas áreas – são exemplos para refletirmos e avaliarmos o que nos diz respeito e o que não. Ora esses exemplos podem ser super inspiradores, ora podem confundir nossa cabeça para construirmos um caminho autêntico. 
Mas como encontrar esse caminho autêntico? 
Sabina Deweik, especialista em inovação e umas das responsáveis por trazer o Cool Hunting para o Brasil (profissão dos caçadores de tendências), contextualiza: “Estamos vivendo um momento de transição global, deixando antigos paradigmas e começando a viver em uma sociedade diferente, com outros valores. Tanto pessoas como empresas se questionam como dar o próximo passo. Como eu me movo agora nesse mundo que está diferente? Nesse mundo que está pedindo mais colaboração, compartilhamento, compaixão, intuição e empatia.” 
 Sabina Deweik – Cool Hunter
Sabina Deweik – Cool Hunter (Arquivo pessoal Sabina Deweik/Site EXAME)
Sabina completa afirmando que a autenticidade depende do autoconhecimento. E complementa dizendo: “Indivíduos e empresas precisam estar cientes de suas vulnerabilidades e fortalezas. Muitos não conseguem se tornar únicos porque se preocupam demais em atender expectativas ou imitar o que pode ter funcionado para outros.” 
Concordo plenamente com Sabina ao identificar o autoconhecimento como peça-chave e que muito da dispersão venha de tentar atender a estímulos externos. Vejo a internet como uma vitrine de todos esses estímulos, onde olhamos desejosos, mas não podemos adquirir tudo que vemos. 
Acredito que o desafio de ser autêntico reside em agir de total acordo com nosso Eu mais profundo, com nossa verdadeira essência; aquela que contém valores, talentos e tudo aquilo que mais prezamos na vida. Para marcas, acredito valer basicamente o mesmo conceito: é preciso se empoderar de seus valores, crenças e ter atitude na hora de se comunicar.
Mais um momento interessante no papo que tive com Sabina foi quando ela disse: “Ser autêntico tem a ver com a nossa história e também com a memória. Autenticidade de uma marca ou de uma pessoa tem a ver com o passado dela. Muitas vezes, as empresas esquecem como elas nasceram, qual era o propósito primeiro, quem foi o fundador. Quando esquecem disso, perdem a sua originalidade. Trazendo para os indivíduos, eles também só são únicos pelas experiências que viveram, pelos pais que tiveram, lugares que foram, como se relacionaram com outras pessoas ao longo da vida… Todo nosso passado faz de nós pessoas únicas e mesmo que vivêssemos tudo novamente não seria igual, porque cada momento é irrepetível.”
Sabina vê no passado uma base de construção para nossa originalidade e diz: “Para inovar também é importante olhar pra traz.” 
Para fechar, complementaria a frase da Sabina dizendo que para se tornar autêntico é preciso olhar para o passado e também para dentro de si mesmo. Ao termos coragem de manter um canal aberto com a nossa verdadeira essência, que também carrega toda a nossa história, encontraremos uma maneira autêntica de nos expressarmos no mundo.
“Buscas a perfeição? Não sejas vulgar. A autenticidade é muito mais difícil.” – Mario Quintana
Fonte https://exame.abril.com.br/blog/o-que-te-motiva/autenticidade/

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O DNA do Inovador

Quais são as 5 habilidades dos inovadores de ruptura? Você é um deles?

Quando Thomas Edison descobriu a lâmpada, fez-se a luz… em muitos sentidos!
Hoje, o que parece simples, foi uma sucessão de erros, tentativas e mais tentativas levadas à exaustão.
“Não falhei. Apenas encontrei 10 mil jeitos que não funcionam.” – Thomas Edison
Só pra relembrar, a lâmpada foi inventada no final do séc. XIX. E não foi seu único invento, Thomas Edison era um inovador de carteirinha, registrando na época 2.332 patentes, o que rendeu ao norte-americano o apelido de “Feiticeiro de Menlo Park”.  Área, aliás, do atual Vale do Silício lá na Califórnia. Se achamos que o Vale só atrai gente interessante do final do século XX pra cá, o inventor da lâmpada nos lembra que essa área, historicamente, sempre foi favorável aos inventos disruptivos. 
O jogo de tentativa e erro faz parte integrante do DNA dos inovadores. Essa é uma equação, por vezes dolorosa, mas que sem dúvida, promove os extraordinários momentos de “eureca”. O acerto de uma aposta só é um jogo raro, inusitado, e de acordo com os estudiosos do fenômeno Vale do Silício, quase improvável. Por lá, os inovadores são encorajados ao fracasso como forma de ganhar musculatura para competirem, escalarem e vivenciarem o tão almejado mundo da disrupção. Existe um mantra propagado por aquelas bandas que diz que um inovador só está “no ponto” quando fracassou pelo menos 11 vezes, aí sim, está apto para abraçar seu merecido sucesso. 
Inovação, se tornou a palavra da onda nos últimos tempos, e esse ano esteve presente em todos os eventos – corporativos ou não – que apresentei ou participei como público. Empresas de todos os tamanhos, organizações de todos os gêneros, marcas e pessoas, não só estão falando, como promovendo e apostando na inovação como um amuleto da sorte para desembarcar no futuro. 
Mas, será que todos estão realmente dispostos a praticar a inovação? Inovar quer dizer: realizar algo que nunca foi feito antes, romper, modificar, transmutar – abrir mão de um “estado” para chegar em outro. E quando a inovação sai do mundo das ideias e vai para prática não é o que realmente tenho percebido. Entre o querer e o fazer existe, muitas vezes, um grande hiato. Seguir pelo caminho da inovação é uma decisão, então, não promova a inovação a menos que você realmente esteja disposto a enfrentar a disrupção.
Se você, seu departamento, marca ou empresa estão dispostos a enfrentar possíveis fracassos ou erros durante a jornada disruptiva, então, as portas para inovação estão abertas, afinal, como o próprio mestre Thomas Edison advertiu, inventar a lâmpada, um novo processo, sistema, produto ou uma nova fórmula de sucesso, muitas vezes pode partir de 10 mil tentativas anteriores sem sucesso.
Paul Saffo, futurista, engenheiro e professor da Universidade de Stanford – situada no coração Vale do Silício, certa vez declarou: “Os pináculos do sucesso são construídos sobre os escombros do fracasso. Quando alguém falha aqui, não é uma questão de ego ou de vergonha – na verdade o fracasso é mais como um distintivo de honra e um convite para entrar no clube.” – Os Segredos do Vale do Silício –  Deborah Perry Piscione
E quando o caminho é realmente sair da zona de conforto em busca do novo, então aqui vão alguns insights muito interessantes sobre inovação colhidos no livro “DNA do Inovador” (Ed. HSM), dos autores J. Dyer, H. Gregersen e C. Christensen
Pra começar, eles lembram que a criatividade é uma habilidade que provém do lado direito do cérebro. Os inovadores, portanto tem uma ajudinha extra desse importante órgão, que colabora com pensamentos mais intuitivos, é o lado do sentir e interpretar. Já nosso lado esquerdo é aquele que processa pensamentos mais lógicos e lineares, portanto, menos criativos. 
A boa nova é que conforme pesquisas dos autores do livro, a inovação não é apenas uma predisposição genética, mas sim pode ser treinada. O “DNA do Inovador” mostra que todos nós, incluindo eu e você, podemos inovar se algumas habilidades específicas forem desenvolvidas.
Dyer, Gregersen e Christensen, selecionam 5 habilidades que descrevem como fundamentais aos postulantes da inovação:
– PENSAMENTO ASSOCIATIVO ou simplesmente Associação – “Ocorre quando o cérebro procura sintetizar e tirar sentido de novas informações. Ela ajuda os inovadores a descobrir novas direções fazendo ligações entre questões, problemas e ideias aparentemente sem relação entre si. Descobertas inovadoras ocorrem muitas vezes na intersecção de disciplinas e campos diversos.”
– QUESTIONAR – “Os inovadores são grandes questionadores, que mostram paixão pelo ato de perguntar. Suas questões desafiam com frequência o status quo.”
– OBSERVAR – “Diz respeito a habilidade de prestar cuidadosamente atenção no mundo ao seu redor – incluindo clientes, produtos, serviços, tecnologias e empresas – e essas observações os ajudam a compreender e a ter ideias que levam a novos meios de fazer as coisas. Os inovadores são intensos observadores.”
– CULTIVAR O NETWORKING – “Os inovadores gastam muito tempo e energia descobrindo e testando ideias por meio de uma rede diversificada de pessoas que tem backgrounds e perspectivas diferentes.”
– EXPERIMENTAR – “Fala sobre a habilidade de estar constantemente testando novas experiências e pilotando novas ideias. Os experimentadores exploram sem cessar o mundo, intelectual e fisicamente, desafiam convicções, testam hipóteses ao longo do caminho.”
Os autores compartilham no livro inúmeros cases e afirmam que os inovadores tratam o mundo como se fosse um ponto de interrogação e que questionam constantemente o pensamento dominante. Contam que A.G. Lafley, executivo inovador da P&G, sempre foi um exímio questionador. Ele se habituou a provocar-se todas as semanas com uma mesma pergunta “Sobre o que eu vou ter curiosidade na segunda-feira?”. Já Aaron Garrity, Fundador da Xango(empresa inovadora de artigos para saúde e nutrição) tem um outro mantra “Eu questiono, sempre questiono, com o estado de espírito revolucionário”, e assim alcança sucesso com atitudes disruptivas.
“Meg Whitman, da eBay trabalhou com diversos empreendedores e fundadores inovadores, incluindo Omidyar (eBay), Niklas Zennström e Janus Friis (Skype e Kazaa), Peter Thiel (PayPal) e Elon Musk (Tesla Motors, SpaceX). Quando lhe perguntaram em que essas pessoas são diferentes dos executivos típicos, Whitman respondeu: “Eles tem compulsão por destruir o status quo. Não conseguem suportá-lo. Assim, passam um tempo enorme pensando em como mudar o mundo. E, enquanto pensam e colocam a cabeça para funcionar, gostam de perguntar: se fizéssemos assim, o que aconteceria?”
Para Jeff Bezos da Amazon, experimentar é um fator tão basal para a inovação que tentou institucionalizá-lo. “As experiências são importantíssimas para a inovação porque raramente resultam naquilo que você espera. Estimulo os funcionários a entrar em becos sem saída e testar. Tentamos reduzir os custos de nossas experiências para que possamos fazer ainda mais ensaios. Se você aumenta o número de experiências, de cem para mil, vê crescer drasticamente o número de inovações que produz.”
Edwin Land, cofundador da Polaroid, por exemplo, pensou pela primeira vez no que seria a revolucionária máquina Polaroid um dia em férias com a família. Ele tirou uma foto da filha de 3 anos que em seguida o questionou por que não podia ver a fotografia tirada de imediato. Insistiu na pergunta várias vezes. Land, prestando atenção no pedido da filha, fez a mesma pergunta “Por que não posso ver a foto tirada imediatamente?”. Resolveu assim levar a questão para um especialista em emulsões fotográficas. O que seria necessário para desenvolver uma foto instantânea? Foi essa pergunta que deu início a uma revolução no mercado fotográfico. A Polaroid modificou totalmente a indústria em sua época, gerando um impacto incrível entre os anos de 1946 e 1986, vendendo mais de 150 milhões de unidades. 
Esse é só um dos milhares de produtos e serviços que foram inventados partindo de perguntas simples e da observação de uma necessidade cotidiana. Desde a criação da lâmpada, passando pelas garrafas pet, que mantém mais tempo o gás nos refrigerantes, o próprio telefone celular que nos deu mobilidade, passando pelo WhatsApp que agora desafia o sistema de comunicação, todos os serviços pautados em economia compartilhada como o Uber e o Airbnb, até a invenção de um simples travesseiro no qual repousamos nossa cabeça todas as noites. Os inovadores estão sempre de olho nas necessidades não satisfeitas do nosso dia a dia.  
Os autores também estimulam que passemos a ver a vida através de nossos 5 sentidos, como se estivéssemos de férias pela primeira vez em um destino. 
Dieter Güter, um dos engenheiros mais importantes da Daimler (fabricante de automóveis e caminhões com sede na Alemanha) disse “Olhando a natureza, você chega a ideias que nunca teria se ficasse pensando sozinho”. Sua equipe encontrou uma solução surpreendente observando um peixe baiacu depois de passar um dia inteiro entre os peixes de um museu local de história natural.
“Os inovadores não precisam visitar outros países para passar pela experiência de imersão em um ambiente novo. Há muitas oportunidades de aprender explorando exposições, museus, jardins zoológicos, aquários, natureza.” – afirmam os autores do livro.
Se você está na senda de novos processos ou de uma visão de fato inovadora, buscar o aprimoramento dessas 5 faculdades vai certamente ajudar nesse desafio. Como promove o “DNA do Inovador”, nem todos precisam nascer com essas habilidades intrínsecas para serem disruptivos, existem maneiras de cultivar uma visão e um pensamento fora da caixa. 
Para se certificar que o caminho da disrupção é por onde quer transitar, vale a pena refletir: Você está preparado para o jogo de tentativa e erro da inovação? Você está realmente aberto ao novo, ou a mudança é apenas uma imposição profissional ou sociocultural? Analise suas respostas e veja se está ou não preparado para uma jornada de transformação. No mais, sempre vale se orientar por aquilo que realmente pulsa dentro de você, para que, além da inovação você desperte a coerência como pilar da sua gestão, organização, do seu departamento ou da sua própria vida. 
Por Luah Galvão
Fonte https://exame.abril.com.br/blog/o-que-te-motiva/o-dna-do-inovador/

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